CRIMINALIDADE E O
TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS:
UM ENFOQUE DA ECONOMIA
DO CRIME.
Um artigo de Cristiano Aguiar de Oliveira
A criminalidade é um tema complexo de
se trabalhar, pois envolve diversas áreas do conhecimento tais como:
sociologia, psicologia, demografia, criminologia, economia entre outros. Existem
ainda alguns aspectos que devem ser levados em conta quando se analisa a
criminalidade em determinado cenário, tais como: a população/tamanho da cidade,
a renda, o índice de desigualdade, o acesso aos níveis de ensino, a densidade
demográfica, o percentual de pobres, o percentual de mulheres chefes de família
e o percentual de famílias residindo em sub-habitações.
É possível calcular a predisposição de um individuo a vir cometer um crime com
base em variações da seguinte equação proposta por Becker, G. S. em “Crime and
Punishment: An Economic Approach”, Journal of Political Econom. de 1968:
B
> W+M+ C + P(Pu)
“onde
B representa os benefícios do crime,
W é o custo de oportunidade, M é o custo moral, C é custo de execução e planejamento
do crime e o termo P(Pu) representa o custo
associado a punição (Pu) e sua respectiva probabilidade de ocorrer P.” - Cristiano Aguiar de Oliveira. As
variações desenvolvidas por Aguiar de Oliveira podem ser conferidas em seu
artigo: CRIMINALIDADE E O TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS: UM ENFOQUE DA
ECONOMIA DO CRIME. Elas não serão apresentadas aqui. As variações de Oliveira
levam em conta os já citados aspectos de cenário, e estes serão explicados a seguir.
O tamanho da cidade está diretamente relacionado com a criminalidade
como é mostrado no gráfico abaixo.
Fonte: Cristiano Aguiar de Oliveira, CRIMINALIDADE E O TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS: UM ENFOQUE DA ECONOMIA DO CRIME. |
Isto
se da pelo fato de quanto maior a cidade, maior o anonimato, o que diminui a probabilidade de ser punido, há também
uma maior disparidade econômica que leva a um grau de frustração maior com
relação aos bens materiais. Em uma cidade
pequena, onde praticamente todas as pessoas se conhecem, o grau de
anonimato é menor, reduzindo a probabilidade de uma pessoa não ser descoberta.
A renda também é um fator determinante, desde que dividido entre
renda dos ricos e dos pobres. Um aumento na renda da
população rica exerce um efeito atenuante sobre a incidência de crimes, já uma
elevação na renda dos moradores pobres incide em uma diminuição na
criminalidade. Isto se atrela diretamente com a questão de disparidade
econômica, uma vez que o trabalhador pobre pode recorrer a uma maneira de menor
risco para sua subsistência isto há de pesar contra sua predisposição de entrar
no mundo do crime.
Foi constatado também que o índice de instrução das pessoas afeta
negativamente a criminalidade, reduzindo-a. Entretanto não há uma relação
significativa entre a educação básica e o crime, uma vez que no Brasil para que
sejam abertas portas no mercado de trabalho, há a necessidade de um grau de
estudo mais elevado, tendo seu ápice com o nível superior.
Áreas
mais densamente povoadas tendem a “atrair” um aumento de criminalidade, por
concentrar mais riqueza em um menor espaço, tornando o trabalho do ladrão mais
fácil, pois maior é a probabilidade de a vítima vir até ele.
Outro fator é a quantidade de pessoas com baixa renda e vivendo em situações precárias,
principalmente se a disparidade econômica for grande. Em determinadas áreas de
baixo poder aquisitivo e sub-habitações pode ocorrer uma inversão de valores,
onde os bandidos são os mocinhos, que lutam pela “igualdade social”.
Por ultimo há também a porcentagem de mulheres chefe de famílias.
Neste caso, geralmente a renda eh extremamente baixa, pois a mãe muitas vezes
para sustentar a família, precisa deixar o cuidado dos filhos com terceiros, ou
em casos extremos, abandonados.
Uma vez quantificados estes valores
é possível prever a disposição de determinado individuo de vir a entrar para o
crime.
Fonte: http://www.ppge.ufrgs.br/giacomo/arquivos/diremp/oliveira-2005.pdf