sábado, 29 de outubro de 2011


CRIMINALIDADE E O TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS:
UM ENFOQUE DA ECONOMIA DO CRIME.
                                                          Um artigo de Cristiano Aguiar de Oliveira

A criminalidade é um tema complexo de se trabalhar, pois envolve diversas áreas do conhecimento tais como: sociologia, psicologia, demografia, criminologia, economia entre outros. Existem ainda alguns aspectos que devem ser levados em conta quando se analisa a criminalidade em determinado cenário, tais como: a população/tamanho da cidade, a renda, o índice de desigualdade, o acesso aos níveis de ensino, a densidade demográfica, o percentual de pobres, o percentual de mulheres chefes de família e o percentual de famílias residindo em sub-habitações. 

É possível calcular a predisposição de um individuo a vir cometer um crime com base em variações da seguinte equação proposta por Becker, G. S. em “Crime and Punishment: An Economic Approach”, Journal of Political Econom. de 1968:

B > W+M+ C + P(Pu)

“onde B representa os benefícios do crime, W é o custo de oportunidade, M é o custo moral, C é custo de execução e planejamento do crime e o termo P(Pu) representa o custo associado a punição (Pu) e sua respectiva probabilidade de ocorrer P.” - Cristiano Aguiar de Oliveira. As variações desenvolvidas por Aguiar de Oliveira podem ser conferidas em seu artigo: CRIMINALIDADE E O TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS: UM ENFOQUE DA ECONOMIA DO CRIME. Elas não serão apresentadas aqui. As variações de Oliveira levam em conta os já citados aspectos de cenário, e estes serão explicados a seguir.
           
            O tamanho da cidade está diretamente relacionado com a criminalidade como é mostrado no gráfico abaixo.

Fonte: Cristiano Aguiar de Oliveira, CRIMINALIDADE E O TAMANHO DAS CIDADES BRASILEIRAS:
UM ENFOQUE DA ECONOMIA DO CRIME.
Isto se da pelo fato de quanto maior a cidade, maior o anonimato, o que diminui a probabilidade de ser punido, há também uma maior disparidade econômica que leva a um grau de frustração maior com relação aos bens materiais. Em uma cidade pequena, onde praticamente todas as pessoas se conhecem, o grau de anonimato é menor, reduzindo a probabilidade de uma pessoa não ser descoberta. 

            A renda também é um fator determinante, desde que dividido entre renda dos ricos e dos pobres. Um aumento na renda da população rica exerce um efeito atenuante sobre a incidência de crimes, já uma elevação na renda dos moradores pobres incide em uma diminuição na criminalidade. Isto se atrela diretamente com a questão de disparidade econômica, uma vez que o trabalhador pobre pode recorrer a uma maneira de menor risco para sua subsistência isto há de pesar contra sua predisposição de entrar no mundo do crime.

            Foi constatado também que o índice de instrução das pessoas afeta negativamente a criminalidade, reduzindo-a. Entretanto não há uma relação significativa entre a educação básica e o crime, uma vez que no Brasil para que sejam abertas portas no mercado de trabalho, há a necessidade de um grau de estudo mais elevado, tendo seu ápice com o nível superior.

            Áreas mais densamente povoadas tendem a “atrair” um aumento de criminalidade, por concentrar mais riqueza em um menor espaço, tornando o trabalho do ladrão mais fácil, pois maior é a probabilidade de a vítima vir até ele.

            Outro fator é a quantidade de pessoas com baixa renda e vivendo em situações precárias, principalmente se a disparidade econômica for grande. Em determinadas áreas de baixo poder aquisitivo e sub-habitações pode ocorrer uma inversão de valores, onde os bandidos são os mocinhos, que lutam pela “igualdade social”.

            Por ultimo há também a porcentagem de mulheres chefe de famílias. Neste caso, geralmente a renda eh extremamente baixa, pois a mãe muitas vezes para sustentar a família, precisa deixar o cuidado dos filhos com terceiros, ou em casos extremos, abandonados.

            Uma vez quantificados estes valores é possível prever a disposição de determinado individuo de vir a entrar para o crime.

Fonte: http://www.ppge.ufrgs.br/giacomo/arquivos/diremp/oliveira-2005.pdf

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